Introdução
É hoje indiscutível que uma marca representa
para a empresa ou a organização que a detêm, um valor considerável podendo
verdadeiramente ser consideradas um ativo dessas entidades, ao mesmo título que
um edifício ou um executivo de topo. As marcas hoje estão em toda a parte e
fazem parte da realidade empresarial. Mas geri-las não é tarefa fácil.
Muito se fala de marcas. Mas
convêm identificar quais são as características principais, e, portanto o seu
real valor para qualquer organização, que se encontram nas várias denominações
que as empresas ou organizações dão aos seus produtos ou serviços:
Um signo distintivo: Numa primeira aproximação, a marca é o que permite identificar
um produto ou serviço: é o seu nome comercial. Como tal, é propriedade da
empresa que a criou e está protegida pela lei.
Uma identidade: Mais do que um nome, a marca, se for eficaz, transmite toda
uma série de valores e conceitos tornando-se assim um símbolo. O trabalho da
empresa consiste em transmitir uma ideia complexa através de sinais simples.
Mas para isso é necessário um trabalho difícil e longo. As organizações
pretendem adquirir três características para as suas marcas:
- Credibilidade
- Legitimidade
- Afetividade
Um ativo: Já é reconhecido que uma marca forte representa um valor para
a empresa que a detêm. Ainda que este valor não venha expresso nas contas
financeiras das empresas, é um montante a ter em conta quando, por exemplo, a
empresa é adquirida por outra.
Avaliação de marca
Quando se pretende fazer uma
avaliação de quanto vale uma marca é preciso distinguir quatro fontes de valor:
A notoriedade: o grau de conhecimento da marca por parte dos consumidores; o
facto de ser um nome que o mercado identifica é uma vantagem concorrencial
substancial em relação aos outros produtos.
Imagem de marca: a capacidade de evocar um conceito ou um sentimento na mente
do consumidor; é muito útil na maioria das compras por impulso, mas não só.
Fidelidade: o fato de o cliente preferir não escolher outras marcas
concorrentes.
Apesar da existência de um valor nas marcas
detidas pelas empresas, o seu cálculo é extremamente difícil porque se trata
muitas vezes de um conceito abstrato, um ativo intangível, e porque não existe
uniformização nos critérios. O valor da marca é referenciado como sendo o goodwill
de um fundo de comércio, mas este valor inclui igualmente outros fatores
intangíveis.
Os 2 tipos de marca
Marcas umbrella: Trata-se de marcas genéricas que estão presentes em todos os
produtos da empresa. Identificam o produto como algo que provêm de uma
determinada empresa, normalmente conhecida e com certo prestígio. Uma estratégia
deste tipo tem vantagens e inconvenientes:
Vantagens:
- Redução de custos
- Possibilidade de desenvolver marcas fortes a nível internacional
- Facilidade de entrada no mercado de novos produtos
- Inconvenientes
- Diluição da imagem e do posicionamento no mercado
- Contradições na imagem (dois produtos da mesma marca destinados a segmentos diferentes e até contraditórios)
- Aumento do risco: um problema num produto reflete-se em toda a gama
Marcas produto:
Definem-se como o oposto das marcas umbrella e possuem,
consequentemente, os inconvenientes e as vantagens recíprocas.
Os pontos-chave na gestão de uma marca
Gerir uma marca não é fácil.
Além da visão global que os gestores devem ter, todos os pormenores contam.
Existem oito pontos-chave que nunca devem ser esquecidos.
Abrangência: Uma marca não está só associada a um produto ou uma gama de
produtos. Tudo pode ter uma marca, desde um detergente até uma cadeia de
restaurantes até uma empresa de serviços de consultoria. O que é importante
reter é que as pessoas nem sequer têm que conhecer bem o produto ou o serviço
proposto para conhecer e ter uma boa imagem de uma marca.
Dimensão simbólica: Qualquer marca, para ser forte, tem que apelar a algo de
profundo, de mítico. Uma marca com sucesso não se deve limitar a representar
uma categoria de produtos e demonstrar saber nesse campo. Uma estratégia de
marca bem sucedida tem que remeter o consumidor para uma outra dimensão. O
ideal é ir buscar algo que tenha a ver com a própria história da empresa, as
suas origens. Depois é preciso construir uma envolvente associando a imagem da
marca e, de preferência, os próprios produtos ou serviços, a essa história da
empresa. Mas isto também implica esforço e tempo. É errado considerar que a
construção desta identidade, quase mítica em alguns casos, está exclusivamente
virada para o exterior. Trata-se também de uma poderosa ferramenta de gestão da
motivação interna que tem, em consequência, efeitos positivos no mercado.
Perspectiva a longo prazo: hoje em dia, ter uma marca reconhecida no mercado é uma
necessidade, não se pode dispensar. Numa altura em que a lealdade do consumidor
é extremamente baixa, o estabelecimento de uma marca forte, que o consumidor
reconheça e aprecie é um fator-chave para não ser ultrapassado pela
concorrência. Mas conseguir que o consumidor reconheça a marca e tenha dela uma
imagem positiva leva tempo e consome recursos. Assim, construir uma marca forte
deve ser considerado um investimento.
Estabelecimento de uma
categoria: Uma grande marca deve
extravasar os limites do produto ou serviço ou da gama de produtos ou serviços
que disponibiliza. Uma marca bem sucedida deve ser o representante de toda uma
categoria de serviços ao cliente (entretenimento, desporto, etc.). O desafio, e
a medida do sucesso, é o da marca ser sinónimo da área que representa, ser uma
referência. Quanto maior for à categoria, desde que seja coerente, mais
hipóteses tem a marca de alargar a sua gama de produtos ou serviços sem
confundir o consumidor.
Estabelecimento de uma relação
emocional: Quando se fala em produtos de
determinadas marcas, o fator emocional é muito importante. Apesar da qualidade
do produto ou serviço ser essencial para uma estratégia de implantação da marca
junto dos consumidores, o fator emocional é extremamente importante. Muitas das
decisões de compra passam pelo fator emocional e até se consegue cobrar um
preço extra se se conseguir, além de vender um serviço ou um produto,
transmitir uma emoção.
Consistência na imagem: Um fator essencial é a coerência de todos os produtos da
marca. Para o consumidor e para o mercado em geral, é essencial que haja vários
fatores que identifiquem com clareza aquela marca, com produtos ou serviços
determinados, com uma história bem definida, com identificações claras a
sentimentos e conceitos. Neste ponto, todo o cuidado é pouco. Para evitar quer
o consumidor deixe de identificar a marca, esta coerência deve transparecer em
vários elementos.
- Embalagem
- Cores
- Tipo de letra
- Logótipo
- Personagens
- etc.
Quando a imagem tem de evoluir,
é importante manter certo número de símbolos que ajudem o consumidor a fazer a
ligação entre a imagem antiga e a nova. Muitas marcas têm que despender
avultadas somas para primeiro estudar uma nova imagem que seja apelativa e
depois habituar os clientes a ela. O perigo é sempre o de alienar os clientes
fiéis.
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