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A Administração da Produção

Os conceitos e técnicas que fazem parte do objetivo da Administração da Produção dizem respeito às funções administrativas clássicas (planejamento, organização, direção e controle) aplicadas às atividades envolvidas com a produção física de um produto ou à prestação de um serviço.

Os últimos 50 anos constituíram uma época de grandes mudanças na gestão e organização do sistema produtivo das empresas industriais em todo o mundo. Dois grandes grupos de mudanças foram marcantes nesse período. O primeiro foi o grande desenvolvimento tecnológico ocorrido em termos de máquinas, sistemas de informações, automação, robótica, telecomunicações, entre outros, que tornaram possível um planejamento e controle mais eficiente das operações. O segundo está relacionado às transformações relativas às novas filosofias, conceitos e métodos de gestão de recursos humanos.

Os conhecimentos de gestão desenvolvidos por Taylor, Ford e Sloan trouxeram, desde o início do século XX, avanços sem precedentes à produtividade. Alguns dos fatores foram: produção em grande escala e em grandes lotes com correspondente redução dos custos unitários; elevada especialização do trabalho no chão-de-fábrica; inexistência de envolvimento do trabalhador com a qualidade, sugestões ou melhorias das operações; o máximo possível em termos de verticalização da produção.

Durante a década de 70, a Administração da Produção adquiriu nos Estados Unidos e a nível mundial, uma posição de destaque na moderna empresa industrial. Os fatos históricos que levaram à essa posição foram o declínio norte americano em termos de produtividade industrial e no comércio mundial de manufaturas. Desta forma o crescimento de algumas potências nesses aspectos como o Japão foi inevitável que há mais de 30 anos vem encarando a produção industrial e a geração de novos produtos como os elementos-chave no mercado interno e à nível internacional.

A Toyota buscou uma forma alternativa à produção em massa para gerenciar o sistema de produção. Os princípios da produção em massa já não se ajustavam à difícil situação econômica e ao novo mercado de seu país naquele momento. Surge, então, a “produção enxuta”, com princípios diferentes dos da produção em massa, particularmente em relação à gestão dos materiais e ao trabalho humano nas fábricas. Alguns alicerces desse novo modo de produção, o Just-in-Time, a automação, a polivalência dos trabalhadores, o defeito zero, a produção em pequenos lotes, entre outros, passaram a ser os elementos do paradigma que se firmava.

Ao longo do processo de modernização da produção, a figura do consumidor tem sido o foco principal, pois é a procura da satisfação do consumidor que tem levado as empresas a se atualizarem com novas técnicas de produção cada vez mais eficazes, eficientes e de alta produtividade.

PRODUTIVIDADE
Produtividade é a relação entre os recursos empregados e os resultados alcançados. Ter alta produtividade é alcançar resultados muito bons, aproveitando bem a matéria prima, a capacidade das máquinas, o tempo a as habilidades das pessoas. Em contrapartida ter baixa produtividade é estar utilizando mais os recursos e obtendo pouco a partir dos recursos disponíveis.
Um exemplo de baixa produtividade é uma empresa fabricante de carros produzir menos carros no mesmo tempo, com as mesmas máquinas e o mesmo número de empregados dos concorrentes.
Produtividade = Medida do Output Medida do Input

OS SISTEMAS DE PRODUÇÃO Sistema de Produção é um conjunto de atividades e operações inter-relacionadas envolvidas na produção de bens ou serviços a partir do uso de recursos (inputs) para mudar o estado ou condição de algo para produzir saídas/resultados (outpus). Tradicionalmente os sistemas de produção são agrupados em três categorias:

Sistemas de Produção Contínua: Os sistemas de produção contínua, também chamado de fluxo em linha apresentam uma seqüência linear para se fazer o produto ou serviço; os produtos são bastante padronizados e fluem de um posto de trabalho a outro numa seqüência prevista. Por exemplo, o processo de engarrafamento de uma empresa de bebidas.

Sistemas de Produção Intermitente: A produção é feita em lotes. Terminando-se a fabricação do lote de um produto, outros produtos tomam o seu lugar nas máquinas. O produto original só voltará a ser feito depois de algum tempo, caracterizando-se assim uma produção intermitente de cada um dos produtos. Por exemplo, em metalúrgicas que dividem as operações em etapas e na mesma máquina, faz-se o primeiro processo, para-se a máquina e começa a produção do segundo processo, quando terminado volta-se ao primeiro processo.

Sistema de Produção para Grandes Projetos: Tem-se uma seqüência de tarefas ao longo do tempo, geralmente de longa duração, com pouca ou nenhuma repetitividade. Caracteriza-se por ter um alto custo e dificuldade de gerenciamento nas fases de planejamento e controle.

PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO
Planejar e controlar a produção são atividades extremamente operacionais, que finalizam um ciclo de planejamento mais longo que se iniciou com o Planejamento da Capacidade e a fase intermediária com o Planejamento Agregado. Os objetivos do planejamento da produção são:

• Permitir que os produtos tenham a qualidade especificada;
• Fazer com que máquinas e pessoas operem com os níveis desejados de produtividade;
• Reduzir os estoques, desperdício e os custos operacionais;
• Manter ou melhorar o nível de atendimento ao cliente;
• Melhoria nos sistemas de planejamento e controle de produção;
• Melhoria na utilização de mão-de-obra e equipamentos;
• Normatização de procedimentos;

Planejar a Produção envolve inicialmente a alocação de carga, que é a distribuição das operações pelos vários centros de trabalho. Em seguida, dadas diversas operações, aguardando processamento em um centro qualquer, o planejamento da produção envolve também o processo de determinar a ordem na quais essas operações serão realizadas.

Controlar a produção significa assegurar que as ordens de produção serão cumpridas da forma certa e na data certa. Para isso, é preciso dispor de um sistema de informações que relate periodicamente sobre: material em processo acumulado nos diversos centros, o estado atual de cada ordem de produção, as quantidades produzidas de cada produto, como está a utilização dos equipamentos, etc.


PLANEJAMENTO E CONTROLE DA QUALIDADE

Existe uma parte da função produção, dedicada exclusivamente ao gerenciamento da qualidade podendo ser essa parte ou setor separado e identificável ou como um processo dentro da produção. É o processo de controle de qualidade. A Qualidade é uma preocupação atual e chave de muitas organizações. Existe uma crescente consciência de que bens e serviços de alta qualidade podem proporcionar para a Organização considerável vantagem competitiva.
A preocupação com a boa qualidade reduz custos de retrabalho, refugo e devoluções e gera consumidores satisfeitos. Atualmente a qualidade é um dos fatores ou o fator mais importante que afeta o desempenho de uma organização em relação aos seus concorrentes. Qualidade é uma obrigação, não é possível mais em um mercado tão competitivo uma empresa ter 90% de qualidade e 10% razoável, a busca pela qualidade total é imprescindível.

CONTROLE ESTATÍSTICO DE PROCESSO A função básica do controle estatístico de processo é padronizar a produção de forma a evitar a variabilidade. A variabilidade como o próprio nome diz, são as variações ocorridas nas especificações dos produtos finais de uma organização.
Uma ferramenta importantíssima no controle estatístico de processo é a estatística. Através dela efetua-se coleta de informações no processo e formaliza-se uma padronização que deverá ser acompanhada de perto pelos envolvidos no processo de produção.
Uma forma de controle de produção são os sistemas CIM, CAD e CAM.

Sistema CIM - Manufatura integrada por computador, visa integrar o planejamento e o controle das atividades de um sistema de produção, o sistema CIM visa coordenar as atividades técnicas e operacionais necessárias ao sistema de produção e manter registros acurados de dados.

Sistema CAD - Projeto auxiliado por computador, é um sistema computacional empregado para a elaboração de desenhos, lista de materiais e outros conjuntos de instruções para as atividades de produção, como uma base de dados gráfica de peças, desenhos, simulação gráfica interativa, armazenamento e acesso a documentos, edição de documentos, etc.

Sistema CAM - Manufatura auxiliada por computador, o sistema CAM desenvolve as atividades de geração, transmissão e controle de execução de programas de comando numéricos aplicados a máquinas – ferramentas e robôs, sistemas de manipulação de materiais, inspeção e teste da produção.


MANUTENÇÃO Problemas de falhas e erros são uma parte inevitável da vida da produção. As falhas ocorrem em operações por diversas razões. Algumas são resultadas direto dos bens ou serviços fornecidos para a produção. Outras ocorrem dentro da produção, seja porque existe uma falha global em seu projeto, seja porque uma ou mais de suas instalações físicas pára de funcionar ou porque há erro humano. Os clientes também podem causar falhas através do manuseio incorreto dos bens e serviços. Depois de detectar e compreender uma falha, os gerentes de produção precisam trabalhar para melhorar a confiabilidade da produção. O método mais comum para melhorar a confiança da produção é fazer a manutenção das instalações físicas de forma planejada e sistemática. Existem três abordagens amplas para a manutenção. São elas:

MANUTENÇÃO CORRETIVA: fazer funcionar as instalações até que quebrem e então consertá-las.

MANUTENÇÃO PREVENTIVA: manter regularmente as instalações, mesmo se não pararem, de forma a previnir a possibilidade de paradas futuras.

MANUTENÇÃO SISTEMÁTICA: monitorar minuciosamente as instalações para tentar predizer quando a parada pode ocorrer e antecipá-la através dos reparos na instalação.

Desafios da Produção
“Atualmente o maior desafio da produção é atender a demanda, produzindo com o menor custo possível obtendo a maior lucratividade. Quando se sabe administrar o negócio, o maior desafio é ser um bom concorrente, expandindo seus negócios.”
Para isso é necessário:
A) Desenvolver mão de obra sólida e treinada;
B) Desenvolver, gerenciar e usar o conhecimento;
C) Utilizar sistemas avançados de manufatura, processos, equipamentos e tecnologias;
D) Integrar as diversas fontes de vantagem competitiva da empresa;

Critérios de competitividade
As estratégias de produção são desenvolvidas levando em conta os chamados critérios competitivos que possibilitam uma melhor análise acerca do posicionamento dos produtos e bens, frente às exigências do mercado/clientes. Usualmente são utilizados critérios competitivos básicos tais como: custos, qualidade, inovação, desempenha de entrega, flexibilidade + serviços (controle ambiental e responsabilidade social)

Custos: produzir com margens de lucro maiores produzir grandes volumes com margens reduzidas

Qualidade dos produtos; Desempenho de entrega (relação entre fornecedor e cliente):
. Mobilizar recursos para garantir o trabalho prometido;(Entregar dentro do prazo)
. Corrigir rapidamente falhas ocorridas;
. Ter prazos de entrega mais curto que os concorrentes;

Flexibilidade: relacionada a equipamentos e processos
. Absorver rapidamente mudanças em lotes de produção;
. Absorver mudanças no tipo de produtos;

Inovação: Habilidade da empresa em lançar novos produtos e/ou serviços em curto espaço de tempo


Todas as partes de qualquer empresa têm seus próprios papéis para desempenhar a fim de se chegar ao sucesso. A função produção produz os bens e serviços demandados pelos consumidores, desta forma deve apoiar a estratégia desenvolvendo objetivos e políticas apropriados aos recursos que administra, fazendo a estratégia acontecer, transformando decisões estratégicas em realidade operacional e devendo fornecer os meios para a obtenção de vantagem competitiva.


BIBLIOGRAFIA: Moreira, Daniel. Administração da Produção e Operações. 2ª. Edição. São Paulo: Pioneira, 1996.

Slack, Nigel. Chambers, Stuart. Administração da Produção. 2ª. Edição, São Paulo: Atlas, 2002.

Ballestero-Alvare, Maria Esmeralda. Administração da Qualidade e da Produtividade: Abordagens Do Processo Administrativo. 1ª Edição, São Paulo, Atlas, 2001.

CORRÊA, L. H.; CORRÊA, C. A. Administração de Produção e Operações: Manufatura e Serviços – Uma abordagem Estratégica. São Paulo: Atlas, 2004. 694 p.

PAIVA, E. L.; CARVALHO JR., J. M.; FENSTERSEIFER, J. E. Estratégia de Produção e de Operações: Conceitos, Melhores Práticas e Visão de Futuro. Porto Alegre: Bookman, 2004. 192 p.

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